Ficaste. Ficaste na minha pele, no meu olhar, no meu coração, na minha vida. Ficaste. Ficaste como nunca ninguém tinha ficado. Ficaste. Ficaste mesmo.
Eu esperei uma vida sem acreditar no que me dizias, passei anos a ouvir a mesma frase “Eu vou, mas eu volto”. Acreditei em ti, nas tuas palavras, no sentido delas. Mas na verdade, tu foste, mas nunca voltaste a estar.
A minha barriga congela quando penso naqueles momentos. Momentos de risos intensos, de chorar intenso. O meu olhar transpira quando eu penso em ti a dizer aquilo. Quando eu digo “estou apaixonada” e tu retribuis “amo-te”. Lá está aquilo. Aquilo que nunca me disseste sinceramente, mas sim para me apaziguar “amo-te”. A minha voz fica trémula quando penso que me deixaste, quando vejo que afinal não passa de um sonho, e que na realidade eu perdi-te mesmo.
Mas, fui eu? Eu que te perdi?
Sei que numa relação a culpa é dos dois, mas também sempre vi que depois de uma relação falhada passam a vida a falar mal um do outro, ou então a culpabilizar o outro pela situação. Porque é que penso que ninguém tem fazer nada disto? Porque é que eu vejo as coisas de um modo simples? Acho tanto que os “outros” complicam.
Não digo que no amor, tudo seja fácil, porque bem sei que não. Mas, isso envolve mentira? Na minha cabeça não, não implica mentira, não implica falsidade. Apenas não implica. A cooperação, o carinho, os mimos, a ajuda, a presença, tudo isto sim, envolve. Envolve amor.
O tempo vai passando. A dor vai ficando.

Quando se vê o que vai, que nada fica, pensamos se valeu apena. E quando existe arrependimento, a dor dura e perdura. O coração dói. As lágrimas caiem. A vida praticamente some. Torna-se difícil viver com o peso. 


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